quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Assisti "o palhaço" do Selton Mello ...




Fui assistir ao filme: “O Palhaço” do Selton Mello, não sei se encontrarei palavras pra continuar escrevendo mais vou tentar...
O filme começa com a imagem com o circo passando por um canavial. E antes de algo acontecer aparece à palavra “esperança” escrito na frente do automóvel que depois eu descobri era o nome do circo dele.
Essa palavra ficou o tempo todo na minha cabeça, não sei, não sou um estudante de cinema, mas acredito que o Selton fez isso de propósito... Começar o filme dizendo ao publico...: “esperança”.
No decorrer do filme minhas sensações foram mudando e se alternando entre o riso e o choro, entre cada frase ou cada mudança de cena em que a estória ia se seguindo.
Principalmente quando o personagem principal:... Benjamim Savalla Gomes. Que é a junção dos nomes de dois grandes palhaços brasileiros: benjamim de oliveira e George Savalla Gomes (Carequinha)... Deixa de ser palhaço e vai trabalhar em uma loja.
O Selton construiu com tal sutileza as vivencias os problemas e as crises de “nos” palhaços e com a mesma sutileza ele continuou vivendo... Como ser humano como palhaço... e disse apenas uma coisa que serve pra qualquer ser humano palhaço profissional ou profissional palhaço (de qualquer outra área).
“O gato bebe leite o rato come queijo e você tem que ser o que você é... Palhaço”

Definitivamente não encontrei palavras pra dizer o que senti ao ver o filme. mas enfim ele reavivou muita coisa dentro em mim.

"Criação é coisa sagrada"




Eu gostei e vou add na postagem um comentário q foi feito na mesma...


Inara disse...
E após as cenas de cansaço: Esperança.
Muito além de um palhaço que não sente mais vontade de o ser, o filme me trouxe a tão difícil pergunta "você é o que quer ser?" Benjamim não sabia mais responder. Percebendo que não tinha certeza de que realmente era feliz sendo palhaço entregou-se a encontrar a respostar. Mergulhou num mundo que para ele, um palhaço que vivia nas estradas viajando, era totalmente novo.
Tere moradia fixa. Começou a num departamento em que ele apenas repetia o que os outros lhe ensinavam. Sem ganhar sorrisos ou aplausos. Procurar seu amor foi em vão, ela já ia se casar com outro.
Um detalhe: Benjamim só conseguiu começar a trabalhar depois que fez sua identidade. (adicione aqui uma metáfora por ele não saber o que/quem é)

Identidade feita.

Enquanto viajava a procura da locomotiva Esperança percebi que seus olhos ficaram felizes ao fazer uma mulher sorrir. E provavelmente foi aí que ele teve realmente certeza do que queria: Ser palhaço.

domingo, 4 de dezembro de 2011

PEÇA NO BAR BARBA BRANCA



Meu querido...
Mudei, mas embora continue o mesmo. Sei q você me compreende mas quero tanto te ver"Te desejo uma fé enorme.
Em qualquer coisa, não importa o quê.
Desejo esperanças novinhas em folha, todos os dias.
Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo.
... Convido-te a me encontrar no dia 18, às 20 horas La no bar barba branca... Oce viu o folder convite acima? Dê uma olhada.
... Me dê notícias, muitas, e rápido. Eu não pensei que ia sentir tanta falta docê. Não sei quanto tempo ainda fico.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Toledo tem agenda cultural em desembro

AGENDA CULTURAL - DEZEMBRO 2011
 
Programação sujeita a alterações.
 
03/12 – sábado – 20h30
BELA ADORMECIDA
Balé Clássico
Local: Teatro Municipal
Ingressos: R$10,00 antecipados, meia
R$ 20,00 na bilheteria
Realização: Escola de Dança Lílian Moema
Informações: (45) 3378 3508 // 3378 2528
 
05/12 – segunda-feira – 20h
RECITAL COM ALUNOS DO CURSO DE VIOLÃO
Professores Alceu e Leonardo
Local: Casa da Cultura
Realização: Secretaria da Cultura
Informações: (45) 3378 4548 // 3252 2833
 
06/12 – terça-feira – 20h
RECITAL COM ALUNOS DO CURSO DE VIOLINO
Professora Viviane
Local: Casa da Cultura
Realização: Secretaria da Cultura
Informações: (45) 3378 4548 // 3252 2833
 
07/12 – quarta-feira – 20h
RECITAL COM ALUNOS DO CURSO DE TECLADO
Professora Maria Mati
Local: Casa da Cultura
Realização: Secretaria da Cultura
Informações: (45) 3378 4548 // 3252 2833
 
08/12 – quinta-feira – 20h
RECITAL COM ALUNOS DO CURSO DE VIOLÃO E VIOLA
Professor Davi
Local: Casa da Cultura
Realização: Secretaria da Cultura
Informações: (45) 3378 4548 // 3252 2833
 
08/12 – quinta-feira – 21h
NATAL EM RIMAS
Local: Em frente ao Teatro Municipal
Realização: Clube da Poesia
Informações: (45) 3378 4548 // 3252 2833
 
11/12 – domingo – 20h
ENCERRAMENTO DAS AULAS DE TEATRO
Professora Meyre
Apresentação de esquetes teatrais
Local: Teatro Municipal
ENTRADA FRANCA
Realização: Secretaria da Cultura
Informações: (45) 3378 4548 // 3252 2833
 
12/12 – segunda-feira – 20h
1ª CANTATA DE NATAL
A história do Natal cantada e encenada pelo
CORAL PRATI-DONADUZZI
Local: Teatro Municipal
1 kg de alimento para Lar dos Idosos
Realização: Prati-Donaduzzi
Informações: (45) 2103 1352 / Simone Rodrigues
 
13/12 – terça-feira – 20h
ENTREGA DE TÍTULOS DE CIDADÃO HONORÁRIO DE TOLEDO E DE MEDALHAS WILLY BARTH
Local: Teatro Municipal
Realização: Câmara Municipal de Toledo
Informações: (45) 3379 5900 // 3252 2833
 
18/12 – domingo – 20h
1ª CANTATA DE NATAL
A história do Natal cantada e encenada pelo
CORAL PRATI-DONADUZZI
Local: Teatro Municipal
1 item de higiene pessoal para Lar dos Idosos
Realização: Prati-Donaduzzi
Informações: (45) 2103 1352 / Simone Rodrigues
 
EXPOSIÇÃO COISAS DE NOSSA GENTE
História de Toledo
Local: Museu Histórico Willy Barth
Informações: (45) 3277 3590
 
-
Informações:
Teatro Municipal de Toledo: (45) 3378 2528
teatromunicipal@toledo.pr.gov.br
Casa da Cultura: (45) 3378 4548 – 3252 2833 - casacultura@toledo.pr.gov.br
Facebook: cultura.toledo@hotmail.com
Twitter: @cultura_toledo
Museu Histórico Willy Barth: (45) 3277 3590 - museu@toledo.pr.gov.br

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ignorancia




É desagradável. A posição de poder que algumas pessoas impõem contra outros seres humanos.
Hoje aconteceu uma situação que sinceramente não tenho palavras... Não consigo descrever.
Pra ilustrar o acontecido vou relatar o q aconteceu ontem.
Era mais ou menos 20 horas quando ao sair da casa de um amigo no bairro onde moro, (Guarujá) encontrei um filhote de cachorra fêmea, linda, provavelmente vira-latas, mas parece muito um Labrador.
Tem a cor do “Marley” do filme “Marley e eu”... Peguei-a no colo e por estar perto de uma loja de animais perguntei para a vizinha se ele era de alguém.
A resposta foi indignante para mim: - Ela estava para adoção, mas quem a adotou não quis mais e veio devolver. Como a loja estava fechada deixou ai na rua.
Eu fiquei realmente triste levei-a pra casa e por já ter dois cães decidi doar.
Pulando todos os cuidados e onde ele foi levado pra cuidar... Hoje comecei mandar mensagens pelo celular perguntando quem poderia adotá-la.
Ao encontrar um sargento do exercito eu o indaguei sobre a possibilidade de doá-la ao quartel se eles tinham batalhão de adestramento.
Ele me aconselhou a entrar em contato com o 6º batalhão da policia militar, pois eles são os responsáveis pelo batalhão de adestramento.
Dirigi-me ao batalhão e fiquei surpreso com a educação de um sargento ou capitão não sei identificar pela farda. Sei que não era um soldado, pois tinha vários símbolos de condecorações na farda.
A situação ocorreu da seguinte forma:
Entrei no paio do batalhão avia dois prédios pequenos que imaginei ser a recepção... Um eu vi que avia muitos arquivos então me dirigi ao outro, que por sinal estava de porta aberta e não avia recepcionista. Não entrei, bati na porta, nisso ouvi um grito que me chamava: -EEEiii.
Olhei para traz e me deparei com esse senhor um pouco mais alto que eu.
Bom dia - disse eu estendendo a Mao para um cumprimento cordial, mas minha Mao bateu no peito do homem que não me cumprimentou e chegou muito perto de mim como se tentasse sentir meu cheiro.
Pois não disse o homem que depois de se chocar com a minha mão desviou de mim passando uns três passos para minhas costas. Eu me voltei para ele e expliquei a situação... Do cão que avia achado e gostaria de doar para o batalhão de adestramento.
Não recebemos qualquer cão aqui - disse ele.
É um cão bonito esperto e provavelmente tem algum porte – disse eu.
Você não ta entendendo, nós não aceitamos. Nossos cães têm registro, são de propriedade da policia militar não podemos misturar com qualquer cão.
Entendo – respondi – e se caso a gente registrasse ele pela policia? Caso aja algum custo eu pago.
Esse seu cão é de rua, não misturamos com os nossos.
É por causa da burocracia?
Como é seu nome? – disse o policial.
Leonides, mas pode chamar de Tico.
Você é usuário tico – perguntou o homem.
Não gosto do cheiro de cigarro imagina se não consigo ficar perto. Então outros tipos de drogas nem chego perto.
Mas você tem características de usuário... Tem certeza que você não usa drogas?
Se não acredita em mim pode me examinar... Mas, espera,...  Eu estou sendo interrogado?
Esta sim – afirmou o policial.
Se eu pareço um usuário preço desculpas me deixa tirar a toca para você me ver melhor.
Olha ai porque você parece um viciado... é porque você usa essas coisas. – apontando para os meus piercings.
Desculpa-me senhor, mas essas coisas chamam-se piercings e eu não vim aqui para falar disso vim propor uma adoção de um animal pra que nos juntos possamos aos poucos diminuir os cachorros nas ruas... Acho isso uma coisa interessante para a sociedade... Mas o senhor esta sendo preconceituoso. Veja o senhor que por piercings foi escolha minha como o senhor escolheu usar farda eu escolhi usar piercings. E o seu trabalho é de proteger a sociedade não de julgá-la.
Você trabalha em que? Disse o policial soberbo.
Sou ator, diretor e professor de teatro - Disse eu.
Teatro? Da pra ver que você nem é inteligente - disse o policial.
Senhor L. A. eu vou me retirar, pois não vim aqui pra ser ofendido, eu propus trazer o animal e o senhor esta me julgando pela minha aparência, o senhor nem me conhece viu apenas a minha casca. Então se não da para fazer nada de bom pela sociedade,... Tudo bem eu vou tentar por outros meios achei que seria interessante tirar o cachorro da rua se seria bom... – nesse instante fui interrompido com a frase.
Quer fazer algo bom cuide do cachorro você mesmo.
Deu as costas e saiu.
Meus queridos leitores.
Pergunto agora a vocês com muita tristeza no coração.
Porque aquele que deveria nos proteger nos agride?
Qual a intenção e o que ele ganha em me rebaixar?
Ele realmente precisa ostentar essa relação de poder com alguém que não oferece perigo ao próximo alem disso propõe alguma solução para sociedade que ele deveria defender?
Há registros históricos de tribos indígenas com piercing e tatuagens. Porque hoje a sociedade ainda ostenta esse preconceito?
A formação militar disciplinada não deveria também ser mais humana?
Mandamentos:
Jesus disse: "Escuta, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças!". O segundo é este: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo". “Não há outro mandamento maior do que estes» (Mc 12, 29-31).

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Perdoe padre, pois pequei.






Perdoe padre, pois pequei.
Mas o senhor sabe que a carne é fraca eu estava em casa sozinho e... Perdoe padre.
Padre eu estava sozinho em casa, ai pensei: que mal tem? Não tem ninguém perto ninguém vai saber. Mas eu sei padre, eu sei. Naquele instante eu peguei o vinil raro do Chico Buarque - Quando o Carnaval Chegar e coloquei no meu toca vinil, na hora eu sabia que era errado padre, eu sabia, mas não resistir, pus a agulha em cima do disco eu ouvi ele inteirinho os dois lados inteirinho, e quando estava ouvindo, padre, quando eu estava ouvindo eu senti um prazer imenso, que arrepiava todo meu corpo e... Padre foi bom, muito bom.
Mas padre me perdoe, eu sei q foi errado. Sei que a gente não pode ouvir isso e que tem as musicas de hoje pra ouvir.
Mas eu to conseguindo padre, desde a ultima confissão eu não ouvi mais a Nara Leão, nem a Elis Regina e nem aquele subversivo do Geraldo Vandré.
Ok padre, eu confesso, eu não resisti, ouvi todos que citei, mas foi uma recaída, como aquela vez que ouvi Los Hemanos, mas eu me pergunto como que pode padre? por quê? Por quê? Por quê?... Sabe padre agente vive cada dia pior... Mas ainda bem que o senhor nos guia no caminho... Porque seria muito estranho andar pela contramão da sociedade, seria horrível, andaria sozinho e as pessoas me olhariam de canto de olho dizendo: Olha lá vai aquele estranho que gosta de MPB – Nossa aquele cara realmente ouve rock? “a música do diabo” – veja lá vai o beatlemaníaco... Onde está John Lennon agora imbecil?... Padre, eu rogo,... Perdão, padre, eu rogo, por favor, me perdoe, eu prometo nunca mais pecar, eu prometo... Qual a minha sentença padre? Por favor.
Muito bem meu filho vai em paz. E não esqueça... Vai pra capela fique de joelhos e cante 6 musicas do Luan Santana 3 Michel Teló e mais 12 variadas entre funk carioca, sertanejos universitário e pop internacionais de black i Peace a Madona.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

To me sentindo assim hoje...



Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz...
Mas não me diga isso...
Hoje a tristeza
Não é passageira
Hoje fiquei com febre
A tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela
Parecerá uma lágrima...
Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza
Das coisas com humor...
Mas não me diga isso...
É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia
Não é?...
Eu nem sei porque
Me sinto assim
Vem de repente um anjo
Triste perto de mim...
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado
Por pensar em mim...
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho...
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser
Quem eu sou...
Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim...
Não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

MORANGOS MOFADOS - CAIO F. ABREU


Let me take you down,

‘cause I’m going to strawberryfields
nothíng is real, and nothing to get hung about
strawberryfieldsforever
Lennon & McCartney: “Strawberry fields forever



Prelúdio
No entanto (até no-entanto dizia agora) estava ali e era assim que se via. Era dentro disso que precisava mover-se sob o risco de. Não sobreviver, por exemplo — e queria? Enumerava frases como é-assimqile-as-coisas-são ou que-se-há-de-fazer-que-se-há-de-fazer ou apenas lTttsafinalque.importa. E a cada dia ampliava-se na boca aquele gosto dernorangos mofando, verde doentio guardado no fundo escuro de algama gaveta.


Allegro Agitato
Pois o senhor está em excelente forma, a voz elegante do médico, têniporas grisalhas como um coadjuvante de filme americano, vestido d0 bege, tom sur tom dos sapatos polidos à gravata frouxa, na medida justa entre o desalinho e a descontração. Não há nada errado com o seu coração nem com o seu corpo, muito menos com o seu cérebro. Caro senhor. Acendeu outro cigarro, desses que você fuma o dobro para evitara metade do veneno, mas não é no cérebro que acho que tenho o câncor, doutor, é na alma, e isso não aparece em check-up algum.
Mal do nosso tempo, sei, pensou, sei, agora vai desandar a tecer considerações sócio-político-psicanalíticas sobre O Espantoso Aumento da Hipocondria Motivada Pela Paranóia dos Grande Centros Usbanos, cara bem barbeada, boca de próteses perfeitas, uma puta certa Vt disse que os médicos são os maiores tarados (talvez pela intimidade colstante com a carne humana, considerou), e este? Rápido, analisou: no máximo chupar uma boceta, praticar-sexo-oral, como diria depois, escovando meticuloso suas próteses perfeitas, naturalmente que se o senhor pudesse diminuir o cigarro sempre é bom, muito leite, fervido, é claro, para evitar os cloriformes, ar puro, um pouco de exercício, cooper, quem sabe, mais pensando no futuro do que em termos imediatos, claro. Mas se o futuro, doutor, é um inevitável finalmente alguém apertou o botão e o cogumelo metálico arrancando nossas peles vivas, bateu com cuidado o cigarro no cinzeiro, um cinzeiro de metal, odiava objetos de metal, e tudo no consultório era metal cromado, fórmica, acrílico, anti-séptico, im-po-lu-to, assim o próprio médico, não ousando além do bege. Na parede a natureza-morta com secas uvas brancas, peras pálidas, macilentas maçãs verdes. Nenhuma melancia escancarada, nenhuma pitanga madura, nenhuma manga molhada, nenhum morango sangrento. Um morango mofado — e este gosto, senhor, sempre presente em minha boca?
Azia, má digestão, sorriso complacente de dentes no mínimo trinta por cento autênticos (e o que fazer, afinal? dançar um tango argentino, ou seria cantar? cantarolou calado assim “quiero emborrachar mi corazón para olvidar um toco amor que más que amor fue una traición’ tinha versos à espreita, adequados a qualquer situação, essa uma vantagem secreta sobre os outros, mas tão secreta que era também uma desvantagem, entende? nem eu, versos emboscados da nossa mais fina lira, tangos argentinos e rocks dilacerantes, com ênfase nos solos de guitarra). Um tranqüilizante levinho levinho aí umas cinco miligramas, que o senhor tome três por dia, ao acordar, após o almoço, ao deitar-se, olhos vidrados, mente quieta, coração tranqüilo, sístole, pausa, diástole, pausa, sístole, pausa, diástole, sem vãs taquicardias, freio químico nas emoções. Assim passaria a movimentar-se lépido entre malinhas 007, paletós cardin, etiquetas fiorucci, suavemente drogado, demônios suficientemente adormecidos para não incomodar os outros. Proibido sentimentos, passear sentimentos, passear sentimentos desesperados de cabeça para baixo, proibido emoções cálidas, angústias fúteis, fantasias mórbidas e memórias inúteis, um nirvana da bayer e se é bayer. Suspirou, suspirava muito ultimamente, apanhou a receita, assinou um cheque com fundos, naturalmente, e saiu antes de ouvir um delicado porque, afinal, o senhor ainda é tão jovem.


Adagio sostenuto
Quando acordou, o sol já não batia no terraço, o que trocado em miúdos significavá algo assim como mais-de-duas-da-tarde. Tinha tomado três comprimidos, um pela manhã, outro pelo almoço, outro antes de dormir, só que juntos — e o gosto persistia na boca. Strawberry, pensou, e quis então como antigamente ouvir outra vez os Beaties, mas ainda na cama teve preguiça de dar dois passos até o toca-discos, e onde andariam agora, perdidos entre tantas simones e donnas summers, tanto mas tanto tempo, nem gostava mais de maconha. Acariciou o pau murcho, com vontade longe, querendo mandar parar aquele silêncio horrível de apartamento de homem solteiro, a empregada não viria, ele não tinha colocado gasolina no carro, nem descontado cheque, nem batalhado uma trepadinha de fim de semana, nem tomado nenhuma dessas pré-lúdicas providências-de-sexta-feira-após-o-almoço, e precisava. Precisava inventar um dia inteiro ou dois, porque amanhã é domingo e segunda—feira ninguém sabe o quê.
Acendeu um cigarro, assim em jejum lembrando úlceras, enfisemas, cirroses, camadas fibrosas recobrindo o fígado, mas o fígado continuaria existindo sob as tais fibras ou seria substituído por? Ninguém saberia explicar, cuecas sintéticas dessas que dão pruridos & impotência jogadas sobre o tapete, uma grana, imitação perfeita de persa. O telefone então tocou, como costuma às vezes tocar nessas horas, salvando a página em branco após a vírgula, ele estendeu a mão, tinha dedos até bonitos ele, juntas nodosas revelando angústia & sensibilidade, como diria Alice, mas Alice foi embora faz tempo, a cadela que eu até comia direitinho, estimulando o clitóris comme ilfaut, não é assim que se diz que se faz que se. O telefone tocou uma vez mais, e como se diz nesses casos, mais uma e mais outra e outra mais, enquanto com uma das mãos ele ligava o rádio libertando uma onda desgrenhada de violinos, Wagner, supôs, que tinha sua cultura, sua leitura, valquírias, nazismos, dachaus, judeus, e com a outra acariciava o pau começando a vibrar estimulado talvez pelos violinos, judeus, davis.
O telefone parou, o telefone não fazia nenhum som especial ao parar, mas deveria arfar, gemer quando entrasse fundo, duro e quente, judeuzinho de merda, deve estar metido naquele kibutz no meio da areia plantando trigo, não, trigo acho que não, é muito seco, azeitonas quem sabe, milho talvez, a cabeça quente do pau vibrava na palma da mão, foi no que deu ficar trocando livrinho de Camus por Anna Seghers, pervitin por pambenil, tesão se resolve é na cama, não emprestando livro nem apresentando droga, anote, aprenda, mas agora è troppo tarde, tudo já passou e minha vida não passa de um ontem não resolvido, bom isso. E idiota. E inútil.
Levantou de repente. Foi então que veio a náusea, só o tempo de caminhar até o banheiro e vomitar aos roncos e arquejos, onde estão todos vocês, caralho, onde as comunidades rurais, os nirvanas sem pedágio, o ácido em todas as caixas-d’água de todas as cidades, o azul dos azulejos começando a brilhar, maya, samsara, que às vezes voltava. De súbito lisérgico no meio de uma frase tonta, de um gesto pouco, de um ato porco como esse de vomitar agora as quinze miligramas leves leves. Alice abria as coxas onde a penugem se adensava em pêlos ruivos, depois gemia gostoso, calor molhado lá dentro. Neurônios arrebentados, tem um certo número sobrando, depois vão morrendo, não se recompõem nunca mais, quantos me restarão, meu deus e a mão de pêlos escuros de Davi acariciando as minhas veias até incharem, quase obscenas, latejando azul-claro sob a pele. Sabe, cara, quando te aplico assim com a agulha lá no fundo, às vezes chego a pensar que. Noites sem dormir e a luz do dia esverdeando as caras pálidas e as peles secas desidratadas e as vozes roucas de tanto falar e fumar e falar e fumar. Vomitou mais. Nojo, saudade. Sou um publicitário bem-sucedido, macio, rodando nas nuvens, o Carvalho me disse que rodando-nas-nuvens é do caralho, que achado, cara, você é um poeta, enquanto olho pra ele e não digo nada como eu mesmo já rodei nas nuvens um dia, agora tou aqui, atolado nesta bosta colorida, fodida & bem paga. Strawberryfields: no meio do vômito podia distinguir aqui e ali alguns pedaços de morangos boiando, esverdeados pelo mofo.


Andante ostinato
Nem ontem nem amanhã, só existe agora, repetia Jack Nicholson antes de ser morto a pauladas, enquanto ele espiava Davi jogado no fundo do poço tão profundo que precisaria de uma escada para descer até lá, evitando os escombros da cidadezinha que era ao mesmo tempo Kõln após a guerra e o Passo da Guanxuma, com aquele lago no centro de onde sem parar partiam ou chegavam barcos, nunca saberia, e não importa, Alice corria entre os ciprestes do cemitério sem túmulos enquanto ele gritava Alice, Alice, minha filha, quando é que você vai se convencer que não está mais do outro lado do espelho, até encontrar Billie Holiday em pé na escada entre paredes demolidas, aqueles degraus subindo para o nada, com Billie no topo decepada, solta no espaço de escombros repetindo e repetindo “you’ve changed, baby oh baby, you’ve cbangedso much’ estendeu a mão para socorrer John Lennon mas quando abriu a boca sangrenta, feito um vento preso numa caixa fugiu aquele horrível cheiro de morangos guardados há muito tempo, como um vento vindo do mar, um mar anterior, um mar quase infinito onde nenhuma gota é passado, nenhuma gota é futuro, tudo presente imóvel e em ação contínua, o cheiro de maresia era o mesmo do hálito da pantera biônica de cabelos dourados. Ah tantos anos de análise freudiana kleiniana junguiana reichiana rankiana rogeriana gestáltica. E mofo de morangos.
Gritaria. Mas acordou com o plim-plim eletrônico antes sequer de abrir a boca. O vento fresco da madrugada embalava as cortinas brancas feito velas de um barco encalhado, uma nau com todas as velas pandas, não adianta chorar, Alice, já falei que é loucura, pára de bater essas malditas carreiras, teu nariz vai acabar furando, melhor ser monja budista em Vitória do Espírito Santo ou carmelita descalça em Calcutá ou a mais puta das puras na putaqueapariu, não me olhe assim do fundo do poço, não me encham o saco com esse plim-plim hipnótico, eu fico aqui, meu bem, entre escombros.
Desligou a televisão, saiu para o terraço de plantas empoeiradas, devia cuidar melhor delas, não fosse essa presença viva dentro de mim corroendo carcomendo a célula pirada na alma fermentando o gosto nojento na língua. O cheiro daquele único jasmim espalhado sobre os sete viadutos da avenida mais central. Bastava um leve impulso, debruçou-se no parapeito, entrevado, morto da cintura para baixo, da cintura para cima, da cintura para fora, da cintura para dentro — que diferença faz? Oficializar o já acontecido: perdi um pedaço, tem tempo. E nem morri.




Minueto e rondó
Amanhecia. Não havia ninguém na rua.
Não, foi assim: debruçado no terraço, ele olhou primeiro para cima — e viu que o azul do céu quase preto aqui e ali se fazia cinza cada vez mais claro em direção ao horizonte, se houvesse horizonte, em todo caso atrás dos últimos edifícios que eram, digamos, um sucedâneo de horizontes. E amanhecia, concluiu então. Debruçado no terraço, ele olhou segundo para baixo — e viu que na longa rua não havia rumores nem carros nem pessoas, sóos sete viadutos também desertos. Não havia ninguém na rua, concluiu ainda.
Debruçado no terraço, amanhecia.
Ao mesmo tempo, em seguida, um de-dentro pensou: e se alguém realmente e finalmente apertou o botão? e se aquele cinza-claro no sucedâneo de horizonte for o clarão metálico? e se eu estava dormindo quando tudo aconteceu? e se fiquei sozinho na cidade, no país, no continente, no planeta? Sabia que não. E um outro de-dentro pensava também, se sobrepujando mais claro, quase organizado, não totalmente porque para dizer a verdade não era um pensamento nem uma emoção, mas algo assim como o cinza-claro brotando natural por sobre o horizonte, se houvesse horizonte, ou como o vento fresco batendo nas cortinas, ou ainda como se uma onda nascesse daquele imóvel mar ativo, ali onde começa a luz, onde começa o vento, onde começa a onda, desse lugar qualquer que eu não sei, nem você, nem ele sabia agora: brotou qualquer coisa como — não quero ser piegas, mas talvez não tenha outro jeito — uma luz, um vento, uma onda. Exatamente. Uma onda calma ou arquejante, um vento minuano ou siroco, uma luz mortiça ou luminosa, repito que brotou, repetiu incrédulo.
Ele teve certeza. Ou claras suspeitas. Que talvez não houvesse lesões, no sentido de perder, mas acúmulos no sentido de somar? Sim sim. Transmutações e não perdas irreparáveis, alices-davis que o tempo levara, mas substituições oportunas, como se fossem mágicas, tão a seu tempo viriam, alices-davis que um tempo novo traria? Não era uma sensação química. Ele não tinha a boca seca nem as pupilas dilatadas. Estava exatamente como era, sem aditivos.
Vou-me embora, pensou: a estrada é longa.
Tocou então o próprio corpo. Uma glória interior, foi assim que batizou solene, infinitamente delicado, quando ela brotou. Arpejo, foi o que lhe ocorreu, ridículo complacente, cor-nu-có-pia soletrou, quero um instante assim barroco, desejou. Mas vestido de amarelo como estava, visto de costas contra o céu, supondo que uma câmera cinematográfica colocada aqui na porta desta sala o enquadrasse agora pareceria quase bizantino, ouro sobre azul, magreza mística, que tinha sua cultura, sua leitura. E culpa alguma. Gótico, gemeu torcido, unindo as duas mãos no sexo, no ventre, no peito, no rosto e elevando-as acima da cabeça.
O sol estava nascendo.
Poderia talvez ser internado no próximo minuto, mas era realmente um pouco assim como se ouvisse as notas iniciais de A sagração da primavera. O gosto mofado de morangos tinha desaparecido. Como uma dor de cabeça, de repente. Tinha cinco anos mais que trinta. Estava na metade, supondo que setenta fosse sua conta. Mas era um homem recém-nascido quando voltou-se devagar, num giro de cento e oitenta graus sobre os próprios pés, para deslizar as costas pela sacada até ficar de joelhos sobre os ladrilhos escuros, as mãos postas sobre o sexo.
Abriu os dedos. Absolutamente calmo, absolutamente claro, absolutamente só enquanto considerava atento, observando os canteiros de cimento: será possível plantar morangos aqui? Ou se não aqui, procurar algum lugar em outro lugar? Frescos morangos vivos vermelhos.
Achava que sim.
Que sim.
Sim.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Madrigal Vocale




1ª Etapa - Projeto Música de Câmara - Sesc
Madrigal Vocale
Data:  22 de Agosto (segunda-feira)
Horário:  14h30 (concerto didático para escolas agendadas)
                 20h00 (concerto aberto ao público em geral)
Local: Auditório do Senac (Rua Recife, 2283)
* PARTICIPAÇÃO GRATUITA
* RETIRAR CONVITES ANTECIPADAMENTE NO SESC (Rua Carlos de Carvalho, 3367)*
*Mais informações - 45 3225-3828.


O Projeto Música de Câmara, realizado pelo Sistema Fecomércio Sesc Paraná, apresenta uma série de concertos que buscam agregar conhecimento e valorização da cultura musical brasileira. A música do Brasil, rica e diversificada quanto a estilos, gêneros, ritmos e formas, precisa ser ouvida e conhecida em seu contexto, bem como os seus compositores. Comprometido com a temática de apresentar, exclusivamente, obras de compositores brasileiros, o desenvolvimento do Projeto Música de Câmara prevê dois momentos de integração com a comunidade. Além dos concertos proporcionados ao público em geral, que estreita a relação entre desenvolvimento musical e desenvolvimento intelectual, são realizados concertos didáticos para escolas agendadas, aproximando a música brasileira das crianças e adolescentes. A somatória desses dois momentos contribui de forma significativa para o conjunto de ações desenvolvidas pelo Sesc com vistas à formação de platéia. Vale ainda ressaltar que a opção de desenvolvimento de um projeto musical camerístico, visa o incentivo de novas práticas e novos hábitos de apreciação musical, pois as apresentações acontecem em caráter intimista, essencialmente acústico que valorizam a pureza do som e a qualidade das obras e de seus intérpretes.

Madrigal Vocale

O Madrigal Vocale, conjunto vocal fundado pelo padre José Penalva em 1982 e atualmente regido pelo maestro Bruno Spadoni, tem ênfase no canto a cappela , apresentando-se também junto a instrumentistas, grupos vocais e orquestrais, em diversas capitais e centros culturais do país. O grupo cultiva todos os gêneros de música camerística, desde a Idade Média até a Contemporânea. É formado por:

Regente: Bruno Spadoni
Sopranos: Cristiane Alexandre / Sara Atiyeh Vianna /Virgínia Pimentel/Renata Gorosito
Contraltos: Ana Maria Mello / Elaine Odia / Lia   Souza
Tenores: Nilceu Nazareno / Paulo Costa / Wander Nascimento
Baixos: Ahilto Fontoura / Hudson Viana/ Djonatan Ledur