sexta-feira, 11 de maio de 2012

Osamu Tezuka: o Walt Disney japonês

Bora falar um pouco de cultura otaku! Vocês já repararam nos mangás, as histórias em quadrinhos japonesas? Aqueles gibis que são lidos “de trás pra frente”, que os personagens tem olhos gigantescos e brilhantes? Pois é, não nos perguntamos como que essa arte surgiu e se tornou, de certa forma, tão distinta com a de outros países. Mas sua origem, nesse formato tão famoso mundialmente, se deve a um homem.

 

Ele era mangaká, animador, produtor e médico, apesar de nunca ter exercido a profissão. Osamu Tezuka nasceu em Ōsaka, no Japão, no ano de 1928, e faleceu de câncer, em 1989. Revolucionou os quadrinhos japoneses tanto em traço quanto em conteúdo. Nem a vivência durante a Segunda Guerra Mundial conseguiu fazer este homem parar de desenhar e criar histórias. O que vemos hoje nos mangás e animes é resultado de 61 anos de pura influência americana.

 

Tudo começou com um lar-doce-lar atípico, liberal e moderno (lembrem-se que estamos falando sobre da cultura japonesa, que é uma das mais rígidas e tradicionalistas que existem). Sessões de cinema com filmes americanos estilo “Charlie Chaplin” eram costumes de sua família. Os quadrinhos entraram na vida de Tezuka quando ainda ele nem sabia ler: sua mãe lia para ele, até que conseguisse guiar una leitura sozinho. Os presentes que ele ganhava do pai eram HQs e desenhos animados da Disney. Sua mãe participava de um grupo de teatro takarazuka (teatro feito só com mulheres) e, ao levar o filho como público, também colaborava com a revolução nos desenhos japoneses que viria pouco tempo depois.


Naquela época o mangá já existia no Japão, mas foi Tezuka que deu uma nova cara para o estilo. Mas afinal, o que não existia na época pra ele ter trazido para o Japão e ter se tornado o “fodão” dos desenhos? A lista é grande:


·         Efeito sonoro nas animações (semelhantes os da Disney);

·         Exposição de uma cena com movimento de câmera (na época se utilizava, em mangás, desenhos de corpo inteiro dos personagens, com eles sempre de frente, e não havia muita perspectiva e ângulos variados, como atualmente);

·         Linhas de movimento;

·         Distorções de velocidade;

·         Colunas verticais na disposição dos quadros, como se fossem cenas sequenciais recortados de um rolo de filme de cinema;

·         Tezuka tirou alguns mangás das revistas e transformou em livros;

·         As gotas de suor e as expressões marcantes também surgiram com ele, tendo como referencial o teatro de sua mãe;

·         Por falar nisso, foi também daí que vieram os tão enfatizados olhos grandes e brilhantes: grandes, pois no teatro takarazuka os olhos eram delineados, e as luzes dos palcos iluminavam os olhos das atrizes, criando um efeito que, pelo jeito, encantou Tezuka.


Quanta mudança, não é? Merece ou não merece os títulos de “deus do mangá”, “pai do anime” e de “Walt Disney japonês”? Ah! Ele também é o criador do estilo shōjo, os mangás e animes feitos para o público feminino. O começo dessa moda foi quando ele publicou A Princesa e o Cavaleiro, em 1953.


Finalizando (apesar que daria para falar mais um monte sobre ele): em uma época em que todos acreditavam que os mangás só serviam ao público infantil, Osamu Tezuka queria (e pelo jeito conseguiu) mostrar a importância dos quadrinhos pelo Japão, para todos os públicos. Além de ser o “Jackie Chan” envelhecido, ele foi um cara talentoso e persistente, que teve as influências certas, na hora certa, e utilizou isso da maneira certa. Todos que se dizem otakus devem conhecer o mínimo da história dele... e de mais alguns nomes que criaram o mangá e o anime... nomes aos quais eu não lembro no momento...